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Túmulos que representam verdadeiras obras de arte – Uma homenagem aos nossos falecidos e às tradições do luto

Por Alfeu Sábato - Historiador

Por: Redação - Fatos Locais
10/12/2024 às 10h22 Atualizada em 10/12/2024 às 10h48
Túmulos que representam verdadeiras obras de arte – Uma homenagem aos nossos falecidos e às tradições do luto

Ao ensejo do Dia de Finados, ocorrido mês passado, nossas atenções se voltaram para os nossos falecidos. Muitas recordações, saudades e lágrimas...

Ao longo do tempo, nossa Carmo da Mata teve os vários sepultamentos de acordo com cada época. Não existiam funerárias nem caixões. Eram fabricados sob encomenda, geralmente na oficina do Sr. Antenor Ignácio de Oliveira, o conhecido Antenor Carapina.

Este profissional da madeira não media esforços para atender a todos, pobres e ricos. Ia até a casa dos falecidos e, caprichosamente, tirava as medidas para confecção das urnas com perfeição e respeito. Os cortejos fúnebres iam até a igreja em procissões sob o triste badalar dos sinos de nossa igreja. Parece que a nossa comunidade sentia mais a perda de seus parentes e amigos.

O Sr. Agenor Sacristão construía na nave central de nossa igreja um suporte para receber a urna, de acordo com o prestígio do falecido. Este suporte era até de três módulos. O sacerdote fazia a encomendação e, após a cerimônia, acompanhava o féretro até o cemitério, sempre acompanhado pelos coroinhas e o sacristão. O badalar do sino era triste e tocava várias vezes por dia.

O luto era rigorosamente observado com muito respeito. Homens, mulheres e crianças vestiam-se por um ano com vestes pretas. Homens, além da camisa preta, tinham na lapela do paletó uma tarja preta e, no chapéu, uma fita que indicava estar de luto! As mulheres usavam vestidos longos de cor preta e as crianças usavam uma fita preta presa por um grampo...

O Dia de Finados era respeitado com profunda tristeza. Não havia rádios ligados. Este dia era realmente dedicado aos falecidos. Nosso Campo Santo (Cemitério) passou por uma época de abandono, cheio de mato e um capim carrapicho, chamado, pejorativamente, de ‘barba de cigano’ e, por falar em cigano, que tal nosso setor do patrimônio tombar a sepultura do cigano Mariano Michel, zelando por ela, servindo até de um ponto de visitação? Esta sepultura tem história!

Ao mencionar a época do abandono de nosso cemitério, sentimos o dever de reconhecer os esforços do saudoso Sr. Zé do Carrinho, que teve a iniciativa de cimentar grande parte de um local que merece respeito e gratidão.

Nosso cemitério ainda mantém seu tradicionalismo. Ali temos algumas sepulturas que são verdadeiras obras de arte. Passaram por ali verdadeiros artistas e artesãos, como o Sr. Antônio Costa, que construiu a fachada da residência do Sr. Lafaiete Ribeiro, hoje propriedade de sua neta, Ângela Ribeiro.

Ficamos pesarosos ao vermos obras de arte dos italianos que por aqui passaram serem demolidas em troca de obras comuns. Assim aconteceu com nossa Igreja Matriz, que, em determinada época, foi mutilada por profissionais inescrupulosos. Nosso imponente santuário, com suas maravilhosas obras de arte, foram trocadas também por obras comuns.

Nada contra os sacerdotes mais recentes que não têm culpa do que aconteceu em épocas remotas. Mais... Voltemos às lembranças e homenagens aos nossos respeitáveis mortos.
Tem momentos que fico a imaginar que o andar de cima está bem melhor do que o nosso. Quanta gente boa, gente inteligente e culta. Afinal, Deus gosta dos bons...

Caríssimos familiares e amigos que já nos deixaram. Queiram aceitar nossa consideração, nosso respeito, nossas lágrimas e nossas saudades!

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Carmo da Mata - MG
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A cidade foi, no século XVII, a região por onde transitavam, obrigatoriamente, aqueles as que se dirigiam a Goiás, pela antiga Picada de Goiás, que indicava o caminho do oeste aos bandeirantes.

Por volta de 1753, Inácio Afonso Bragança por ali passou e se encantou. A terra era fértil, banhada pelo rio Boa Vista, com campinas imensas e matas colossais, tornando a região o sítio ideal para uma sesmaria.

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