“Largo do Cruzeiro” e “Praça da Matriz” eram os nomes de outrora. Vamos falar sobre estas duas tradicionais praças de nossa cidade. Começamos pelo “Largo do Cruzeiro”, que era uma enorme praça nua em seu interior, cercada por residências e comércio. No meio da praça, havia um cruzeiro de madeira, com alicerce de cimento ao seu redor. Nas proximidades, estavam as ruínas do que seria a igreja de São Sebastião, que não chegou a ser terminada. Vamos dar uma pequena ideia do que foi essa praça, de um modo especial para as pessoas mais jovens.
No sentido dos ponteiros do relógio, na esquina da Rua 17 de Dezembro, ficava a residência da família Rios, posteriormente residência e bar do casal Hely Rios e Zélafa Mattar. Seguia-se a enorme casa do Tio Antonio e da Tia Ninica, posteriormente chamada “Ensa Nelson”, comércio do Sr. Nelson Assis, hoje prédio pertencente aos familiares. Ao lado, estava a casa do maestro Noel Dário Moreira, que seguia para um lote vago, tendo ao meio a padaria do Sr. José Tobias.
Caminhando até a outra esquina, encontrava-se a casa da família da Sra. Nana Assis, hoje propriedade da viúva do Sr. José do Garrafão. Na contracanto, havia a casa da família Assunção, do Sr. Junito Assunção, que era uma família de músicos, dentre eles o jovem Zé do Tito, autor de um dos hinos a Nossa Senhora do Carmo. Eles tinham uma banda de música formada por familiares e amigos.
Ao lado da residência do tio João Luiz e da tia Cínica, pais de criação de Gabriel, tesoureiro da Igreja Matriz, estava a residência e o bar do Sr. Dorcino Moreira, avô da Diva Moreira. O bar era um ponto de encontro dos amigos, com sessões de jogos como bilhar, sinuca, roleta e baralhos. Ao lado, a confeitaria do Sr. Ulisses José Ferreira, famosa por seus deliciosos sorvetes e picolés. Posteriormente, houve o bar dos irmãos Joaquim Carvalho e Oswaldo Carvalho. Em seguida, o saudoso casarão do também saudoso Alex.
Descendo, encontrava-se o armazém do Chiquinho da Sá Laura. Em sua frente, havia uma área onde matavam e sapecavam os porcos, cujas carnes eram expostas nos antigos balcões de madeira. Este armazém era uma sociedade entre Chiquinho e seu sogro, Lafaiete Ribeiro. Hoje, o prédio abriga lojas, entre elas a loja de Heliane Ribeiro.
Abaixo, ficava o “bangalô” da professora Dona Fátima, casada com o espanhol José Rios Pastilha. Dona Fátima foi uma das primeiras professoras do município. Logo abaixo, estava o simpático e saudoso “Chalet das Professoras”, residência alugada por jovens professoras que vinham dar aulas na recém-inaugurada 1ª “Gradua Escolar Silviano Brandão”. A maioria dessas professoras vinha de Oliveira, e, dentre elas, estava Maria Coelho, que casou com o Sr. José Luiz Assunção, filho do Tio José Luiz e da Tia Cínica.
Passando pela “Rua das Flores”, hoje Cezário Rios, lá estava a residência e o bar do Sr. Pedro Dorcino, famoso pelos pastéis da esposa Lia e os “Pés de Moleque” da irmã Maria. Abaixo, o portão que dava acesso ao quintal era vigiado pelo feroz cão “Cátispero”. O vizinho de baixo era o dentista Titito e sua esposa Aramita, que vieram de Santana do Jacaré e adotaram Carmo da Mata como sua segunda terra natal.
Logo abaixo, a residência do imigrante italiano Luigi Sábato (Gino) e sua esposa brasileira, Venorina Tavares, que tinha em anexo sua sapataria. Minha mãe, Venorina, era muito bondosa e caridosa, reconhecida por sua santidade. Nos deixou cedo, aos 40 anos, deixando 10 filhos.
No giro pelo “Largo do Cruzeiro”, já se aproximando do fim, estava a casa do Sr. Alcinor Sacristão e Dona Maria, um casal que prestou relevantes serviços à igreja local. Onde foi a residência e o bar do Sr. Pedro Dorcino, hoje é a casa da Nega do Jacy. Onde foi a casa do Sr. Gino e Dona Venorina, é hoje o prédio do Angelo.
A praça descampada era o local para armações de circos e parques de diversões, com uma frondosa árvore de eucalipto e barraquinhas de madeira que vendiam salgados, doces e músicas. Jogávamos futebol, enquanto meu pai e os amigos Titito e Carlos Sartori jogavam “malha”, um jogo italiano.
Hoje, o Largo do Cruzeiro é a Praça Getúlio Vargas, popularmente conhecida como Praça da Rodoviária. Ela abriga um bonito jardim, novas residências, comércio intenso e novas tradições, mas guarda a essência do passado.
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Com a graça de Deus, estamos festejando o nascimento do Menino Jesus e o novo ano. Nossa gratidão a Deus pela saúde e pela vida! O jornal “A Notícia” deseja compartilhar com todos momentos de felicidade! Prezados anunciantes, assinantes e leitores, guardem esta crônica escrita pelo nosso colunista Alfeu Sábato, que resgata a história das praças de nossa cidade. O passado é essencial, pois quem não tem passado, não tem história.
A Família A Notícia deseja a todos Felicidades, Saúde e Paz!