Muitas vezes, uma pessoa que passou por traumas deseja o amor mais do que tudo. Mas, quando alguém a trata com carinho, algo dentro dela grita:
“Isso não pode ser real.”
Se o amor sempre veio acompanhado de dor, desconfiança ou ausência, pode ser difícil acreditar que alguém ame de verdade. Pode parecer que, em algum momento, algo ruim vai acontecer. Então, antes que o outro machuque, a pessoa se afasta.
Ela testa. Ela sabota.
(E muitas vezes nem percebe.)
Quando encontra alguém distante, frio ou emocionalmente indisponível, isso parece familiar. Ela sabe como agir nessa relação. Se entrega, luta por migalhas, tenta provar que merece amor. Mas, quando alguém é constante, amoroso e presente, ela se pergunta:
“Por que você está me tratando assim?”
“Isso não pode ser de verdade.”
Então, os testes começam:
Afasta. Provoca. Machuca.
Finge ir embora, só para ver se o outro vai ficar.
Mas, se a outra pessoa for imprevisível, instável ou negligente, ela pensa:
“Isso faz sentido para mim.”
O problema nunca foi o amor. O problema é que um amor saudável pode parecer estranho para quem nunca o conheceu de verdade.
Estamos falando de você? Já percebeu como, às vezes, você quer muito algo, mas, quando tem a chance de viver isso, sente um medo estranho? Talvez você já tenha sentido isso com o amor. Quando alguém te trata com carinho de verdade, em vez de sentir segurança, vem um desconforto. Uma sensação de que algo está errado, de que é bom demais pra ser real.
E não é porque você quer afastar o amor, mas porque sua história te ensinou que confiar dói. Que, quando algo parece bom demais, talvez seja só questão de tempo até desmoronar. Isso faz você duvidar das intenções das pessoas. Testar, desconfiar, se afastar… Ou, sem perceber, se sentir mais confortável com relações difíceis, porque essas são mais fáceis de entender.
O problema não é você. Também não é o amor. O problema é que algumas feridas antigas ainda falam alto. Mas elas não precisam ditar sua vida pra sempre.