Apesar dos investimentos anunciados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), pacientes com câncer continuam enfrentando dificuldades para acessar o tratamento pelo SUS em Minas. A denúncia foi tema de audiência pública nesta quinta-feira (25/4), na Assembleia Legislativa, a pedido do deputado Lucas Lasmar (Rede).
Durante a reunião, a SES apresentou dados alarmantes: 87,7% dos pacientes esperam mais de 60 dias para iniciar a radioterapia e 60,8% enfrentam a mesma demora para começar a quimioterapia. Além disso, 41% das mulheres chegam à primeira consulta com tumores em estágio avançado, e 21,5% das mineiras entre 50 e 69 anos nunca fizeram uma mamografia.
“É inaceitável continuarmos vivenciando essa situação. Estamos colocando as pessoas na fila da morte”, afirmou Lasmar. O deputado lembrou que a Lei Federal 13.896/2019 garante o exame diagnóstico em até 30 dias, mas apenas 33% dos pacientes conseguem esse direito.
Um dos destaques da audiência foi a apresentação da Jornada de Excelência do Paciente Oncológico, proposta pelo Instituto Mário Penna. O projeto pretende reduzir de 120 para 21 dias o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento, com foco inicial no câncer de mama.
No Hospital Luxemburgo, ligado ao Instituto, o número de mamografias mensais saltou de 700 para mais de 4 mil. Até o final de 2025, a unidade pretende atender 100% pelo SUS, aumentar os leitos de internação de 216 para 343 e ampliar o CTI de 14 para 50 leitos. Também estão previstas novas especialidades e um núcleo de apoio aos médicos da atenção básica.
“O Instituto Mário Penna está mostrando que é possível fazer diferente. Precisamos de mais iniciativas como essa, com apoio efetivo do Estado”, disse Lasmar.
A coordenadora de Alta Complexidade da SES, Luíza Miranda, afirmou que o câncer de mama é prioridade e apresentou a política Cuidar na hora certa, que inclui incentivos financeiros: R$ 1.500 por paciente tratado em até 60 dias e R$ 500 por laudo entregue dentro do prazo.
Ao final da audiência, Lucas Lasmar solicitou uma reunião com o secretário de Saúde, Fábio Baccheretti, para apresentar oficialmente o projeto e buscar o apoio da pasta para sua implementação em todo o estado.