A garagem da casa de um amigo de infância foi o cenário onde tudo começou. Ainda criança, Renato Souza, morador de Cláudio (MG), se encantava ao ver uma Brasília 1977 parada no quintal da família de Bruno, seu colega de escola. O carro simples, mas cheio de significado, ganhou ainda mais importância por lembrar a icônica Brasília Amarela dos Mamonas Assassinas, banda pela qual Renato é fã desde pequeno.
“Eu sempre falava que um dia teria uma Brasília igual à dos Mamonas”, relembra Renato. Durante a adolescência, ele e Bruno costumavam sair para passeios em cidades vizinhas, como Carmópolis e Oliveira, a bordo do carro emprestado pelo pai de Bruno. “Não tínhamos celular, nem redes sociais, então quase não temos registro, mas essas lembranças ficaram guardadas com carinho.”
Com o passar dos anos, a vida seguiu seu curso, e os amigos tomaram caminhos diferentes. Em 2015, porém, Renato recebeu a notícia que mudaria tudo: Bruno havia falecido. A perda abalou profundamente a todos, e a Brasília, que antes era símbolo de alegria, foi esquecida e usada para atividades como carregar lenha e bezerros. “Ela ficou abandonada, destruída”, lembra.
Mas em 2023, movido pela saudade e pelo desejo de homenagear o amigo, Renato decidiu comprar o carro do pai de Bruno. Com dedicação e carinho, iniciou um trabalho de restauração que durou quase um ano e meio. O resultado é uma verdadeira réplica da famosa Brasília Amarela dos Mamonas Assassinas, ícone dos anos 1990.
A homenagem vem em um momento especial: em 2025, completam-se 30 anos do sucesso meteórico da banda, cujo álbum lançado em junho de 1995 vendeu mais de 3 milhões de cópias em apenas sete meses. “Quis unir essas duas memórias importantes na minha vida: o Bruno e os Mamonas. Hoje, quando alguém vê essa Brasília amarela, lembra da banda e pra mim, lembra também da nossa amizade”, conta emocionado.
A Brasília restaurada por Renato não é apenas um carro. É um símbolo de saudade, música, juventude e do valor das amizades verdadeiras que nem o tempo ou a ausência são capazes de apagar.