Para quem ainda não conhece o conceito de capacitismo, ele significa a crença que pessoas com deficiência (PCD) são inferiores, o que leva à um tratamento destas como ‘anormais’ ou ‘incapazes’. Tudo isso baseado em um padrão idealizado de perfeição, que, diga-se de passagem, nunca existiu. Caetano já profetizava que ‘de perto ninguém é normal’. E mais, a diversidade é o fator mais importante no processo de evolução das espécies, caso fôssemos absolutamente iguais, com toda certeza já tínhamos sido extintos do planeta.
Capacitismo é palavra recente, porém o preconceito contra pessoas com deficiência remonta aos primórdios da civilização. E, não apenas o preconceito, mas o extermínio de pessoas com qualquer desvio da dita ‘normalidade’ já figurou como prática em muitos momentos tristes e vergonhosos da história da humanidade, tais como o movimento eugenista e o nazismo.
Assim como o racismo, o machismo, a lgbtqia+fobia, o capacitismo é estrutural, ou seja, está nas entranhas da sociedade e combatê-lo demanda estudo, informação, escuta, políticas públicas e um esforço coletivo e individual de desconstrução desse olhar equivocado e do julgamento para com essas comunidades.
Vale então refletir sobre o que é normal? Quem determina o que é normal e por quê? Pensar sobre os padrões hegemônicos e quem os determina é crucial nesse processo de busca por uma sociedade mais justa e inclusiva. A criação de leis e políticas públicas para integração social das pessoas com deficiência é essencial para garantir direitos e liberdades fundamentais à essa parcela da população ainda marginalizada, apesar de todos os avanços observados nos últimos tempos, como a lei brasileira de inclusão da Pessoa com deficiência (Lei 13.146/2025).
Todos nós temos nossas capacidades e nossas limitações, sem exceções, e isso faz parte das características individuais. As pessoas com deficiência, qualquer que seja, não se restringem às suas limitações e por elas não podem ser definidas, são pessoas com diversas características e a deficiência que possuem é apenas uma delas. É esse olhar de preconceito e exclusão que precisa ser combatido com urgência. A busca pela equidade é dever não apenas do estado, mas de cada um de nós, em qualquer tipo de exclusão social.
Humanizar as relações, colocar o ser humano, seus direitos e liberdades acima de qualquer característica é o único caminho para um mundo minimamente justo.