Quinta, 23 de Janeiro de 2025
19°C 30°C
Cláudio, MG

O lugar que nos habita - por Júnia Paixão, poeta e escritora

Acabei de revisar um livro de memórias de Helena, uma autora estreante de 83 anos que diz, no prólogo, do mergulho na infância como forma de sobreviver à perda de um filho. Fiquei muito impactada, tanto com a obra, como com a disposição dela em fazer para a família, amigos e outros leitores, um relato tão terno e carinhoso sobre a história de sua vida e dos seus.

Lívia Godói
Por: Lívia Godói
26/07/2024 às 16h54
O lugar que nos habita - por Júnia Paixão, poeta e escritora

Tenho um amigo que sempre fala que toda vida daria um filme, ou um livro. Neste caso, nada há de tão diferente de tantas outras famílias do mesmo tempo. Porém, os acontecimentos escritos literariamente ganham novos olhares e outras chances.

 

Me encantou a riqueza de detalhes, a escrita fluida e cativante e, claro, as histórias de sua infância e outras, ainda mais remotas, do tempo de sua mãe. É uma delícia de livro com um quê de novela de época das dezoito horas. Uma viagem no tempo por uma Belo Horizonte da primeira metade do século passado, por costumes já em desuso e figurinos tão elegantes quanto obsoletos.

 

Sempre gostei de ouvir casos de tempos antigos contados na maioria das vezes pelas mulheres da minha família. Ficava horas ouvindo, atenta aos detalhes. Muitos desses casos ainda guardo na memória e, vez ou outra, tenho oportunidade de contá-los. Aos meus olhos de menina, todas aquelas histórias pareciam ter mais presença e sentimento.

 

Era uma garota romântica e ainda não era capaz de ouvir os silêncios presos nas entrelinhas. Trabalhando na obra, me peguei lembrando de vários desses episódios contados e recontados, principalmente por uma tia-avó muito querida, insistente em falar e suspirar pelos tempos antigos. “No meu tempo é que era bom”, ela dizia e remendava. Tudo era muito difícil, mas a vida era melhor.

 

Enquanto lia e revisava o livro, foi impossível não associar aqueles relatos de Helena com a história que sei de minha mãe, da mesma idade da autora e também de BH. O que me ocorre agora é aquilo que a memória escondeu e não deixou de herança. Aquilo que ultrapassa os silêncios nas entrelinhas.

 

Quanta vida brutalmente esquecida tanto no livro de Helena quanto na história de minha mãe. Helena talvez ainda tenha tempo e lucidez para lembrar e, por que não, escrever um novo livro. Minha mãe não. Já está em processo de mudança para sua casa de infância, onde se tem mais presente e vasto futuro e que, no fim e ao cabo, é o lugar que agudamente mais nos habita.

 

.

 

Jornal A Notícia

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
Carmo da Mata - MG
Carmo da Mata - MG
A cidade foi, no século XVII, a região por onde transitavam, obrigatoriamente, aqueles as que se dirigiam a Goiás, pela antiga Picada de Goiás, que indicava o caminho do oeste aos bandeirantes.

Por volta de 1753, Inácio Afonso Bragança por ali passou e se encantou. A terra era fértil, banhada pelo rio Boa Vista, com campinas imensas e matas colossais, tornando a região o sítio ideal para uma sesmaria.

A origem do topônimo é uma homenagem à santa padroeira, Nossa Senhora do Carmo, e suas m
Ver notícias
Cláudio, MG
20°
Tempo nublado
Mín. 19° Máx. 30°
20° Sensação
1.33 km/h Vento
93% Umidade
100% (0.79mm) Chance chuva
05h36 Nascer do sol
05h36 Pôr do sol
Sexta
28° 19°
Sábado
27° 18°
Domingo
26° 18°
Segunda
22° 19°
Terça
22° 18°
Economia
Dólar
R$ 5,93 -0,21%
Euro
R$ 6,19 +0,01%
Peso Argentino
R$ 0,01 +0,00%
Bitcoin
R$ 640,276,35 -1,92%
Ibovespa
122,971,77 pts -0.3%
Enquete
Nenhuma enquete cadastrada