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Ninguém solta a mão de ninguém - por Júnia Paixão, poeta e escritora

Neste mês de férias, me dediquei a leituras de autoras que falaram de suas vidas intrincadas com seus processos de escrita. Déborah Levy, Marguerite Duras e Annie Ernaux, todas brancas, europeias, escritoras importantes no cenário internacional.

Lívia Godói
Por: Lívia Godói
23/08/2024 às 16h33
Ninguém solta a mão de ninguém - por Júnia Paixão, poeta e escritora

Nesta busca incessante sobre o porquê de escrever e, apesar das diferenças entre essas mulheres, todas tiveram que lutar para se dedicarem à escrita. Nada foi fácil e pacífico. Creio que todas nós, mulheres que escrevem, temos que fazer escolhas difíceis para cultivar esse desejo das palavras.

 

A conquista por um espaço só seu, que Virgínia Woolf já falava em Um teto todo seu, está presente nas narrativas de todas. Os malabarismos para conciliar trabalho remunerado, família, vida social e relacionamentos é uma constante. Me senti confortada e, ao mesmo tempo, pasma diante da continuidade desses entraves às mulheres que escrevem, ditadas pela força do patriarcado. Me identifiquei com diversas falas e situações, da paixão pela literatura a momentos de dúvidas sobre o lugar da escrita na própria vida.

 

Essas leituras me colocaram em estado reflexivo sobre a minha própria trajetória literária. Sobre todas as escolhas que tive que fazer para escrever e publicar, sobre todos os obstáculos que ainda temos que ultrapassar, desde sempre. Mas o que mais me trouxe conforto foi a força que a escrita tem para quem acredita nela e que impulsionou essas mulheres, e impulsiona a mim e tantas outras no exercício de buscar a sua própria voz. São leituras que todas as mulheres que escrevem deveriam fazer. Recomendo fortemente. Claro que, nesse caso, falamos de mulheres brancas e que ocupavam/ocupam lugares de privilégios sociais; há outras lutas muito mais cruéis e invisibilizadas. Porém, isso não diminui a relevância desses textos.

 

Seguir em grupo é uma estratégia de sobrevivência nesse mundo ainda machista. Faço parte de dois coletivos de mulheres que escrevem. Um deles, de amigas da região, é o Coletivo Vira Verbo, no qual trocamos afeto, palavras, apoio, escrevemos e publicamos juntas. O outro, Coletivo Escreviventes, é um coletivo imenso, que integra mais de 500 mulheres escritoras do país todo e que nos fortalece em busca de espaços em eventos, em editoras e outros lugares onde a literatura pulsa. Mesmo sendo tão grande e diverso, é um lugar seguro de trocas e impulsionamento para todas.

 

O futuro é coletivo e feminino.

 

Deixo aqui as dicas de leitura:

 

• Coisas que não quero saber/O custo da vida – Déborah Levy

• Escrever – Marguerite Duras

• A escrita como faca e outros textos – Annie Ernaux (Fósforo)

• Um teto todo seu - Virgínia Woolf

 

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Jornal  A Notícia

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Carmo da Mata - MG
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